domingo, 13 de maio de 2012

Nós e a Europa na Era 2000

I
Que fizeram de ti, meu Portugal ?
Tu, um país pequenino em espaço,
Que a Europa nunca teve no regaço,
Pois lhe fugias, ágil, jovial,

Em busca de outro mundo, além esparso,
Foste, agora, cair no seu ardil !...
Velhinho, que jamais fora senil,
Atraiçoa-te a Europa, num abraço

De quem mostra por ti grande afeição,
Prometendo ternuras maternais:
Os apátridas, logo em ambição

Vendem-te por dinheiro e coisas mais,
Tecendo em cada alma só ilusão,
Até nos dar torturas infernais. 

II
Desde o berço mostravas alma forte,
Enfrentando inimigos sem temor.
A Europa sublimava o teu valor,
Todo o mundo invejava a tua sorte.

Sempre te perseguiu algum traidor
A quem não importava a tua morte...
E logo despedaça, num mau porte, 
Teus membros: Portugal conquistador!

Eras, neste cantinho, independente;
Descobrir Mundos foi tua ambição,
Levando a Fé a todo o Continente!

Os traidores, por vil maquinação,
Vendem-te a uma Europa irreverente,
Que te escraviza, até roubar-te o pão!...


Porto, 27 - 3 - 2012
Ana Lopes Vieira















sexta-feira, 11 de maio de 2012

A EUROPA DE HOJE...

I

Ai Europa!... Ai Europa sem cabeça,
A sonhar só com grandeza e um tesouro
Para te cobrir toda apenas de ouro!
Sem procurar Valor que te enobreça.

Aceitas ser raptada por um touro,
Como aceitas o mais que te envaideça,
E que o mistério não se desvaneça
Apesar de ter sido um mau agouro...

Mesmo que negues,oh! foi um sinal
De futuras cruéis fatalidades
De muito sonho teu, com mau final...

Já chegaste a atingir prosperidades
E subir a bem alto pedestal,
Sabendo disfarçar leviandades...

II

Tão leviana foste, Europa grandiosa
Em tempos já remotos, esquecidos...
Os teus procedimentos desabridos,
De mulher imponente e orgulhosa,

Faz com que os teus amores mais queridos,
Já não vejam em ti a virtuosa
Europa: santa, alegre e poderosa.
Só vêm desvarios não contidos,

Que te abrem caminho para a tumba...
Foste invejada quando eras viril.
Hoje, cada vaidade mais te afunda,

Gastando sem contar, cada centil;
Na tua actividade agora imunda,
Só revelas, ao mundo, estar senil...

Porto, 3 - 1 - 2012
Ana Lopes Vieira