I
Já é Santo Nuno Álvares Pereira!
Foi guerreiro porque era patriota.
Para salvar a Pátria não se esgota,
A pensar, com engenho, na maneira
De impor ao inimigo uma derrota.
Domina gente vil e embusteira,
Pedindo a Deus, com fé que é verdadeira,
Que salve a Pátria, a Deus também devota.
Deus, então, lhe concede só vitórias!
E muita façanha é misteriosa!...
Não quer honras... Deixando a Deus as glórias.
Quer fazer a sua Pátria grandiosa:
Com brio vai lutar - dizem memórias -
E salva-a duma crise ruinosa.
II
Também estamos hoje numa crise,
Por haver quem governe à revelia:
Cada um aproveita a regalia
De amealhar pecúlios... que não diz...
Outros vão pelo mundo, em romaria,
Sem definirem bem a directriz...
"Negócios"... Que aparentam mau cariz...
Até que se descobre a vilania...
O povo cada vez mais desfalcado...
Iludido por quem é bem-falante,
E, só por bem falar, é perdoado!...
Ai, meu povo, és deveras tolerante,
Para quem te arruína e dá mau fado,
Sempre a olhar-te insensível, arrogante.
III
Atingiste alto grau de insensatez,
Ao dar votos a quem te dá pobreza.
Falta o amor à Pátria e a nobreza
De carácter, e falta a intrepidez
Dos Heróis, que, outrora, com lhaneza,
Devolveram à Pátria a honradez!
Cá temos malfeitores outra vez!...
E perseguem a gente camponeza;
A do mar; e cidades, por ganância!...
Este povo, já imerso na apatia,
Aceita, com incrível tolerância,
Vexames e feroz descortesia,
Impassível a toda a manigância
De quem lhe impõe austera carestia!...
IV
O povo aceita os falsos altruístas,
Que são feras, depois, a dar dentadas...
Como ratos... lhe roem as mesadas!...
Ai, quem, de melhor sorte nos dá pistas?...
"Poupanças financeiras... esgotadas!..."
Andam, isto, a afirmar, especialistas...
Mas logo alguém lhes chama "alarmistas!...",
Temendo as suas manhas reveladas...
Meu Portugal, já não tens patriotas,
Iguais aos portugueses doutras eras:
Aceitamos, com ócio, as derrotas...
Mau Portugal, como é que assim toleras,
Quem te faz um País só de almas mortas,
A serem devoradas por tais feras?!...
Ana Losver
domingo, 20 de setembro de 2009
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