terça-feira, 17 de maio de 2011

AS FLORES DOS POETAS

I
Lamentou-se uma Dália, pesarosa,
Por não serem as dálias uma flor
Que sirva de motivo inspirador,
Aos poetas, como é a bela rosa

Presumida, a exibir-se em esplendor;
Ou o lírio do campo e a mimosa;
A triste violeta bem cheirosa,
A chamar a atenção do sonhador,

Que passa distraído, sem a olhar,
Atento à japoneira mais garrida,
Com camélias vermelhas a acenar:

E ele sente a beleza definida
Naquele verde-rubro, a flutuar
Como a nossa bandeira ao céu erguida.

II
As dálias não serão inspiradoras
De poetas... talvez os desconsole,
Não terem a magia do girassol:
Num bailar gracioso, durante horas,

Desde o primeiro ao último arrebol.
Não são para os poetas sedutoras...
Mas são de belos dotes portadoras,
Pois sabem ao orgulho impor controle.

Maiores do que as rosas, têm cores
Diversas, no jardim a fulgurar;
Humildes não cativam trovadores

Que não sabem as dálias amar.
Mas quem lhes reconhece altos valores
Vai levá-las a Deus, sobre o altar.

Porto, 3-5-2011
Ana Lopes Vieira