Examino o retrato... Quem parece?
Não sei bem... Um roberto, certamente...
Um roberto, vestido como gente,
A fingir de escritor... E que parece
Ter saudades de Musa muito ausente...
Reparo no sorriso que esmorece...
Naquele ar indeciso transparece
Um pesar de quem tem vazia a mente...
Não sabe se há de rir se há de chorar...
Sorri, para impedir, sem dar por isso,
Que seu pranto o papel vá encharcar;
E no papel molhado, outro enguiço
Esborrate o sentir que lhe rolar
Dum recanto da mente, por feitiço...
Porto, 26 – 3 – 2002