quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Fuga das Musas


Examino o retrato... Quem parece?
Não sei bem... Um roberto, certamente...
Um roberto, vestido como gente,
A fingir de escritor... E que parece

Ter saudades de Musa muito ausente...
Reparo no sorriso que esmorece...
Naquele ar indeciso transparece
Um pesar de quem tem vazia a mente...

Não sabe se há de rir se há de chorar...
Sorri, para impedir, sem dar por isso,
Que seu pranto o papel vá encharcar;

E no papel molhado, outro enguiço
Esborrate o sentir que lhe rolar
Dum recanto da mente, por feitiço...

Porto, 26 – 3 – 2002

Partiu para o além...


PARTIU PARA O ALÉM…

Há muito que partiu para o Além…
Aquele que me deu felicidade,
Num mundo aonde falha a lealdade
E aonde o amor falha também.

A Morte, desuniu-nos, sem piedade,
Parece que por mim tinha desdém,
Pois levou-mo, sem dó, como refém…
Deixando-me a sofrer com a saudade.

Busco algo, na Fé, que me conforte:
E a Fé, que tenho em Deus, logo me diz:
Se eram, as virtudes, o seu forte,

Só pode ter o Céu por directriz;
E Deus, para o buscar, mandou a Morte,
Por quere-lo num Mundo mais feliz.

Porto, 2 – 9 – 1992